Uma cartinha para o João em seu sexto aniversário

Filho!

Puxa vida, seis anos?! Parece que eu nunca consigo começar a escrever uma carta para você ou para a sua irmã de forma diferente, estou sempre abismada com a idade que completam! Mas, a sensação é inevitavelmente essa, ano após ano.

Fico tão feliz ao ver o quanto você se desenvolveu desde o seu último aniversário! Está caminhando devagar na sua alfabetização, tendo bastante interesse pela leitura, ganhando maturidade no trato com os amigos, perdendo de vez o medo pavoroso de dentista, se virando sozinho para tanta coisa, e aumentando o seu incrível vocabulário a cada dia.

Como sempre, foi um ano de “pérolas”, já que você é um figurinha muito, mas MUITO engraçado. De todas as muito boas, a que eu mais gosto acho que ainda é aquela do dia em que você voltou da escola super animado, foi logo abrindo a mochila e me mostrou todo feliz: Olha, mamãe! Eu trouxe para casa o boné do bom comportamento, olha, olha!!! Puxa, eu fiquei tão animada, afinal, foram meses difíceis de adaptação na escola nova, e um boné do bom comportamento em casa era algo que eu não imaginava encontrar tão cedo! Até que eu te perguntei: o que a professora falou quando te deu, filho?? E ouvi a melhor – e mais sua cara – resposta de todas: ah, ela não falou nada, ela nem viu que eu peguei!!! Hehehe… só você mesmo, filhote.

Esse também foi o ano em que você despertou de vez para os super heróis: Homem de ferro, Pantera negra, Homem aranha, Hulk, Thor, Homem Formiga, todos eles ganharam de vez o seu coração! É divertido acompanhar seu interesse por eles! Sabe que até eu, que nunca dei muita bola para a Marvel, comecei a me interessar pela saga de forma genuína? Obra sua, pode acreditar! Ainda tenho muito o que aprender nesse sentido, mas #marvelémelhorquedc!

Inclusive, foi pensando nesses super heróis todos, e nessa onda que você está de gostar tanto deles, que pensei em algumas coisas que eu pudesse te falar nessa data especial.

Sabe, filho, assim como vemos nos filmes de heróis e vilões, o mundo é mau. Muito mau. Existem muitos vilões lá fora. Eu adoraria poder dizer que vai mudar, mas não vai não. Aliás, deve piorar um pouquinho mais ainda. Gostaria de conseguir protegê-lo de tanta coisa! Enquanto vejo você crescer num mundo perigoso, que corre atrás do vento, a minha oração é que Ele te proteja de toda forma de violência, e que a Sua graça e misericórdia se façam tão presentes na sua vida, que você tenha a sabedoria de olhar para as coisas, ideias e valores que o mundo prega e dizer NÃO, ou, como diz você ultimamente: NÃO, NUNCA!

Já entendi uma coisa: essa decisão é sua, não minha. Vocês vão crescendo, e vai caindo a minha ficha (depois te explico o que é ficha): vocês são pessoas diferentes de mim, e terão que tomar decisões e assumir responsabilidades por vocês. Sei que você terá que decidir por você mesmo cada vez mais vezes, e decisões cada vez maiores. Está só começando.

E isso me assusta! E me assusta porque sei que, além dos vilões que existem lá fora, existe também um outro “vilão”, que o mundo na verdade nem vê como vilão: o nosso coração! A Bíblia tem muitas e muitas passagens que nos falam sobre esse vilão. Veja só apenas algumas delas:

“O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17:9)

“Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe” (Sl. 51:5)

Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável” (Sl 51:10 – realce meu)

“De onde vem as guerras e contendas que há entre vocês? Não vem das paixões que guerreiam dentro de vocês?” (Tiago 4:1 – realce meu)

Então, filho, não só quero proteger você do mundo lá fora, mas queria tanto conseguir protegê-lo do seu próprio coração, assim como queria que alguém me protegesse do meu! Queria tentar “imprimir” em você alguns comportamentos e formas quadradinhas de conduta, mas, haha! Já entendi que não posso! E isso me deixa agoniada. Angustiada, na verdade. Deus tem trabalhado isso de forma muito verdadeira na mamãe há algum tempo no que diz respeito à sua vida. Você tem me desafiado em muita coisa, e me feito refletir sobre tanta coisa… nem imagina. A mamãe tem percebido de forma bem concreta que, sozinha, não tem poder nenhum!

Só que você também não tem, e não consegue vencer sozinho. Nem os vilões lá fora, e nem o seu coraçãozinho que insiste em querer fazer o que é errado. Você precisa de ajuda. Você precisa de um herói, um herói de verdade!

E é aí que entra a melhor notícia de todas: esse herói existe, é Jesus! Aquele que deu a vida por você, por mim, e por tantos, por nos amar tanto. Aquele que, mesmo angustiado, sofrendo e em dor, silenciou tudo isso em obediência ao seu Pai, para que pudéssemos ter um caminho de acesso a Deus. Lembre-se sempre, filho: Jesus deu a sua vida por você, para que por Ele você pudesse ter vida verdadeira. Lembre-se de Jesus. Só Ele pode salvá-lo.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16)

Portanto, a minha oração é que você vença os vilões!! Mas, não porque é forte ou capaz disso, mas porque escolheu de verdade crer e dizer SIM para o maior herói de todos: Jesus! E que a sua vida aponte para Jesus. Não é fácil viver apontando para Jesus, sabia? É preciso ser praticamente um super herói também, porque precisa de um poder que só Ele pode nos dar. E Ele dá! Dia após dia, à medida que nos submetemos à sua vontade e crescemos num genuíno e próximo relacionamento com Ele.

Nesse último ano que passou, tivemos uma boa conversa sobre tudo isso, e você fez uma oração comigo dizendo que queria se tornar um filho de Deus, aceitando o que Jesus fez por você lá na cruz. Esse foi um dia muito, muito especial para você, e para mim também! Sei que você é pequeno, mas também sei que quando Jesus disse a um bando de marmanjos que eles deveriam ter fé como uma criança, Ele não estava brincando. Por isso, oro para que Deus a cada dia fortaleça a sua fé e a certeza da sua decisão, para que você se interesse e DECIDA obedecê-lo e em estar em comunhão com Ele todos os dias, pelo resto da sua vida.

Espero estar sempre por perto, acompanhando tudo isso, e sendo um instrumento dEle para isso. Às vezes, acho que não dou conta não. Mas, preciso me lembrar que é Ele que faz, e não eu. A mim e ao papai cabe instruí-lo diligentemente nos caminhos de Deus, e entregar os resultados para Ele. Quando vejo o que Ele já fez por aí, eu me pergunto: há algum impossível para o maior herói de todos?

Não, não há. E isso é maravilhoso! Com Ele, somos mais que vencedores. Escolha servir adorar a Jesus, filho. Faça dEle a sua vida, e você experimentará uma liberdade e propósito que não se descrevem em palavras. Como diz a banda da vez no carro da mamãe, servindo é que somos livres, não é?

Te amo filhotinho, até o infinito e além dez vezes,

Mamãe

Obs: que delícia de presente você me deu agora há pouco, na sua última noite com 5 anos! Me pediu para ficar com você até você dormir, contando história e fazendo carinho nas suas costas. Ah, filho, eu sei que isso vai acabar um dia, e eu queria congelar momentos assim para sempre! Obrigada pelo presente que me deu, vou dormir feliz. Espero que goste do seu!

Guerras Maternas

Você já ouviu a expressão “guerras maternas”? Popularmente chamadas em inglês de “mommy wars”, não são tão recentes quanto costumamos pensar, mas com a facilidade de acesso à informação, sobretudo nas mídias sociais, atualmente são muito, muito comuns.

Fazendo uma breve pesquisa, descobri que o termo “mommy wars” surgiu no final da década de 70, quando as “mulheres que não trabalham fora” começaram a criticar as “mulheres que trabalham fora” – e vice-versa. Cada uma com seus muitos argumentos e posições, a guerra foi instalada, a princípio sutil, mas depois escancarada, sobre qual o “jeito certo” de ser mulher, esposa,e mãe.

Aliás, o assunto “trabalhar ou não trabalhar fora’’ continua em alta até hoje nesse campo de batalha, mas agora existem outros motivos para confusão, veja se reconhece algum:

– Parto normal ou cesárea?

– Parto normal com ou sem anestesia?

– Amamentar ou não? Até 6 meses ou até 5 anos?

– Mamadeiras e chupetas: sim ou não?

– Berço ou cama compartilhada?

– Doces: qual a idade certa?

– Papinha industrializada: alívio na rotina ou veneno?

– Se a mãe não trabalha fora: colocar na escola com qual idade? Aliás: colocar na escola??

– Se a mãe trabalha: escola ou babá?

– Viajar/sair sem as crianças: necessário ou falta de apego?

Enfim… a lista é longa, bem longa. Em parquinhos, salas de espera, salas de amamentação, igrejas, em uma reunião entre amigas, e principalmente, nas redes sociais, um universo de mães parece querer defender sua posição com unhas e dentes.

De fato, essas discussões rendem muito assunto no universo materno, principalmente em terrenos como estes acima, em que várias concepções existem. Sendo assim, corremos um risco enorme de cair num jogo inútil de comparações e, como consequência, descontentamento, orgulho, inveja e tantas outras coisas.

Veja, não é minha intenção defender que não existem absolutos na maternidade, pois eles existem sim, e esse texto tratará disso no final. Mas, pretendo mostrar que tais absolutos nada tem a ver com as discussões vazias com as quais nos envolvemos ao nos compararmos tanto.

A internet tem sido uma ferramenta incrível para as pessoas se compararem umas às outras, especialmente as mães. E, como boas pecadoras que somos, não nos contentamos apenas em comparar: botamos defeito, invejamos ou detonamos quem faz diferente do que fazemos, seja para “melhor” ou para “pior”.

Não há problema em ler posts e blogs da internet sobre a maternidade ou sobre qualquer outro assunto. O problema é que entramos em pânico e sentimo-nos verdadeiros desastres quando lemos blogs de mães ou vemos postagens no facebook, instagram, pinterest ou qualquer outra rede social!

Sobre comparar-se

Há muitos anos, li uma reflexão em um extinto blog feminino que me chamou a atenção. As autoras trouxeram uma passagem que eu nunca tinha lido direito anteriormente:

“Jesus disse a Pedro: cuide das minhas ovelhas. Digo-lhe a verdade: quando você era mais jovem, vestia-se e ia para onde queria; mas quando for velho, estenderá as mãos e outra pessoa o vestirá e o levará para onde você não deseja ir. Jesus disse isso para indicar o tipo de morte com a qual Pedro iria glorificar a Deus. E então lhe disse: Siga-me! Pedro voltou-se e viu que o discípulo a quem Jesus amava os seguia. (…) Quando Pedro o viu, perguntou: Senhor, e quanto a ele? Respondeu Jesus: Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu volte, o que lhe importa? Quanto a você, siga-me!”             (João 21: 17b-22 – grifo meu)

O contexto é mais ou menos o seguinte: estamos no último capítulo de João, mais especificamente na terceira aparição que Cristo fez aos seus discípulos, depois da ressurreição. Depois de comerem, Jesus perguntou três vezes a Pedro se ele o amava, e depois da terceira resposta afirmativa de Pedro, vem a passagem acima.

Depois de ouvir três vezes que era amado por Pedro, Jesus indicou a ele o tipo de morte com a qual Pedro iria glorificar a Deus. Pedro não deve ter ficado muito contente. Olhou para o lado, e lá estava outro discípulo, o discípulo amado… autor do evangelho em questão. Pedro então rapidamente se volta para Jesus e é como se ele falasse: Senhor, Senhor, e ele hein? O que vai acontecer com ele?? Me conta! Tem que ser uma morte mais escabrosa que a minha, vai…ele não vai se dar melhor do que eu, né? Então, o sábio Mestre Jesus Cristo responde: Pedro, se eu quiser que ele não morra jamais, o que você tem a ver com isso? Cuide da sua vida… e siga-me.

Puxa vida… que mensagem mais atual. Nós todos somos incrivelmente tentados a olhar para o lado. “Senhor, e ela hein? Por que com ela não acontece isso? Por que ela conseguiu ter um trabalho de parto em 6 horas e o meu durou 26? Por que eu, que faço tudo tão direitinho, estou passando por essa provação, enquanto ela, que não tem a menor paciência com os filhos, está de férias em Paris pela terceira vez? Por que ela amamenta sempre sorrindo (no instagram) e para mim é esse sofrimento? Por que os filhos dela comem de tudo e os meus seguem resolutos a aceitar apenas macarrão com manteiga?” Senhor, Senhor… e quanto a ela? E quanto a eles??

Comparação: a chave para uma vida descontente. Insistimos em olhar para o lado ao invés de viver a nossa vida. Como se Deus não soubesse o que faz. Como se nós soubéssemos melhor. Como se Ele não tivesse um plano. Como se Ele não estivesse no controle. Como se a nossa vida dependesse do desfecho das demais. Como se Ele não quisesse trabalhar com cada uma individualmente.

Pedro passou por isso. Olhou para o lado e prontamente quis saber: Senhor, e ele hein?! Aí veio o nosso Soberano Deus: O que lhe importa o que vai acontecer com ele, Pedro? Siga-me!

Não é uma resposta aparentemente amável. É um grande “fora”! Uma exortação enérgica e em amor. Pedro precisava de uma palavra dura para entender o quanto sua pergunta estava errada. Depois dessa, Pedro não teria mais o que responder. E nós precisamos nos lembrar dessa resposta! Quando formos tentadas a comparar, a olhar para os lados e questionar, “e ela hein”, “por que ela”, “e com eles, não vai acontecer nada não”, que possamos ouvir a voz  enérgica e amável do nosso Soberano Deus dizendo: O que lhe importa? Siga-me!

Não olhe para o lado questionando ou se comparando com outras mães. O que lhe importa? Siga a Jesus Cristo!

O que, afinal, é essencial na maternidade??

Fazer pães caseiros diariamente para os filhos não é requisito de Deus para que sejamos mães piedosas. Costurar e fazer as roupas dos filhos também não. Deus não espera que as mães comprem apenas alimentos orgânicos, façam scrapbook, jardinagem, façam uma horta ou nunca jamais deem comida industrializada para os filhos.

Repito, não há absolutamente NADA errado em nada disso, mas admita: na descrição bíblica do seu papel de mãe, não existe nenhuma dessas coisas. Ou seja, no fundo, no fundo… não é essencial. Eu sei, isso choca. Mas, admita: não é.

Se formos olhar na Bíblia, o essencial é simples. Muito, muito simples. E por isso é que parece pouco! Aí, criamos demandas a mais, nos sobrecarregamos por acharmos que temos que dar conta de todas elas, perdemos o foco do que realmente importa, ficamos exaustas, e não fazemos o que Deus pede!

Entendo, pelas passagens abaixo, que Deus nos dá três absolutos para a maternidade, e que Ele também as elenca em ordem de prioridade:

“Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Marcos 12:30)

“[…] amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada” (Tito 2:4-5)

  1. Ame a Deus. Isso significa que, por amá-lo, você se empenha em encontrar algum tempo durante o dia para encontrar-se com Ele. Ter seu tempo a sós com Deus, ler a Sua Palavra, orar, adorá-lo, entregar a Ele seus anseios e preocupações. Não precisa ser antes de seus filhos e marido acordarem. Não precisa ser antes do nascer do sol, de madrugada. Seu papel é amar a Deus. Como você vai fazer e demonstrar isso pode ter milhões de jeitos diferentes. Encontre o que se encaixa na sua rotina e faça disso uma prioridade. Faz parte do papel!!
  2. Ame seu marido.  O segundo essencial na maternidade é amar o marido. Nossa sociedade é acostumada a dizer “deem a vida por seus filhos, porque os maridos vão, mas os filhos é que ficam”. Lembrem-se: Deus não nos torna uma só carne com nossos filhos, mas com nossos maridos. Viu como Ele realmente espera de nós uma prioridade diferente? Então, ame seu marido. Os maridos também devem fazer o mesmo por suas esposas, mas isso é assunto para outra pessoa escrever. Se ele realmente gosta de pão caseiro, talvez seja mesmo uma boa você se esforçar em aprender para fazer para ele. Mas não faça pão em casa simplesmente porque viu outras mães postando foto dos seus pães e banquetes no Facebook. Amar o marido é essencial… e no meu caso especificamente, um pão francês fresquinho da padaria faz muito mais por ele do que eu me atrever a fazer um pão em casa!! Conheça o seu marido e esforce-se em amá-lo mais e mais, a cada dia. Pare por um momento e reflita: o que mudaria no seu estilo de maternidade se você considerasse o seu marido como prioridade acima dos seus filhos? De forma curiosa, você deve se tornar uma mãe melhor… pois essa é ordem de prioridade que Deus colocou em Sua Palavra.
  3. Ame seus filhos. Em terceiro lugar, e também algo essencial e inegociável, mas que vem depois de Deus e do cônjuge. Seu papel e chamado como mãe é amar seus filhos e ensiná-los a amar a Deus. Para isso, empenhe-se ao máximo! Eles não precisam falar latim e alemão antes dos seis anos. Se eles aprenderem, parabéns hein?! Mas isso é um bônus, não faz parte da descrição do seu trabalho. Seu papel é “simplesmente” amá-los de todo o seu coração, e ensiná-los os caminhos do Senhor. Não acrescente a esse absoluto outras coisas extravagantes, que vão tornar sua vida ainda mais difícil e estressante. Se você quiser ensinar seus filhos a costurar, ótimo. Mas não se entupa de culpa se eles não estiverem fazendo as próprias roupas aos 11 anos. Lembre-se, não é essencial (U-F-A).

Acredito que a combinação dessas três prioridades, inegociáveis aos olhos de Deus, podem assumir as mais diferentes configurações na nossa vida cotidiana. Culturas diferentes, condições socioeconômicas diversas, gostos e preferências pessoais, tudo isso influencia a forma como a sua e a minha família irão funcionar.

E isso é libertador! A maternidade vivida com liberdade é aquela cujo foco não está no meu desempenho como mãe, nem em como estou comparada às outras mães, muito menos nos métodos que escolho. As comparações nos aprisionam e roubam a nossa alegria; a dependência a Deus nos liberta para segui-lo da forma particular que Ele desenhou para cada uma de nós!

Mães, Jesus quer que descansemos nEle. Ele quer que as mães… relaxem! Seu fardo é  suave e seu jugo é leve. Não gastemos nosso tempo e energia nos comparando a outras mães. Não tentemos ser algo que Deus não nos chamou para ser.

Ame a Deus, ame seu marido, ame seus filhos. Já vai dar bastante trabalho, pode ter certeza. Que Ele nos ajude a focar no que é essencial.

Carta à Ester em seu sétimo aniversário

Oi, filha! SETE anos! Fiquei alguns aniversários sem te escrever uma cartinha da forma como eu gostaria, mas esse ano retomei a tradição, que espero manter por muito tempo.

Que ano foi esse, não? Quantas conquistas, quantas novas experiências, e quantas pérolas?? Sabe, sempre soube que essa fase da sua alfabetização seria algo com o qual eu me deliciaria muito. E você começou lá com os seus cinco anos, mas agora nesse último ano deu um salto e tanto, e hoje me diverte e me impressiona com suas tiradas, seu senso de humor, sua perspicácia para pegar algumas coisas e sua sensibilidade.

Para mim, é um prazer imenso vê-la se aventurar no mundo das letras, ler em voz alta, aprender e inventar histórias, e registrar com seus desenhos as cenas que marcam a sua vida. Sua perspectiva da vida é uma delícia de ver. Ela me ensina muito nos pequenos detalhes do dia! Quer ver?

Com você, aprendo diariamente sobre contentamento e sobre o quanto um dia feliz pode depender de tão pouca coisa: Mãe, hoje é o dia mais feliz da minha vida, eu vou andar de ônibus!

Também fui lembrada por você de que compaixão e solidariedade não são coisas que se estendem meramente a pessoas conhecidas ou próximas de nós: Mãe, vamos orar por aquela pessoa que estava dentro da ambulância que passou pela gente, para que ela sare logo? A gente não sabe o nome, mas nem precisa, Deus deve saber né?

Já aprendi sobre praticidade: Mãe, olha o tamanho daquela casa, que imensa! Quanta janela! Imagina o trabalhão que dá para limpar tudo isso de janela?

Desenvolvi habilidades de argumentação: Mãe, não te parece estranho que eu, uma mulher de seis anos, que já perdeu oito dentes, ainda não possa usar esmalte escuro?

Percebi que as definições de céu podem ser muito peculiares: Mãe, se a Bíblia diz que o céu é um lugar maravilhoso e muito feliz, isso quer dizer que lá só tem piscina rasa? (aliás, agora já pode ter piscina funda, né? Perdeu o medo finalmente, e agora nada que é uma beleza!)

Também tomei algumas dicas de moda com você: Mãe, você devia usar mais salto. Sapatilha é coisa de criança. Se eu fosse adulta igual você eu nunca ia usar sapatilha, só salto, salto, salto. Onde você vai toda de branco, é sério que você vai sair assim?? (dia de estágio, filha… dia de estágio.)

Enfim, apenas alguns exemplos de como é conviver com você, adorável figurinha que sempre nos diverte, emociona e ensina. Mas, pensando no que eu poderia dizer como mensagem especial nesse seu sétimo aniversário, numa fase da sua vida em que você agora vai deixando claro suas preferências e etc., pensei em te contar a história de um jardineiro.

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Um dia, um jardineiro foi chamado pelo dono de uma casa para construir o seu jardim. Eles se encontraram, o proprietário mostrou a sua casa, explicou em linhas gerais o que pretendia e o quanto estava disposto a pagar. Deixou claro qual era o resultado: queria um jardim deslumbrante, lindo, e algo assim que as pessoas olhassem e falassem: Uau, esse jardim é a cara do dono!

Pois bem. No dia seguinte, chega o jardineiro para trabalhar e, para a sua surpresa, o dono não estava lá. Na verdade, o dono tinha viajado. Ficaria três meses fora. E o jardineiro deveria construir o jardim nesse período, sem receber mais nenhuma orientação direta dele. Nada. Nem telefonema,  whatsapp, nada. Agora era com ele.

O jardineiro não acreditou!!! Chegou no quintal, olhou para um lado, olhou para o outro, não sabia nem por onde começar. O que eu planto aqui? Será que ele gosta de flores mais robustas ou mais delicadas? E as cores? Azuis, amarelas, laranjas, rosas… são tantas possibilidades! Tantas opções! Qual caminho eu devo escolher? O que eu faço agora? Por que esse senhor não me deixou nenhuma explicação sobre o que fazer? Como eu decido isso sozinho?

Quase que apavorado, o jardineiro sentou-se no banco da varanda da casa e, ali, encontrou um pacote com um bilhete. Era para ele! Quando abriu, viu o que era: MANUAL COMPLETO DE JARDINAGEM. Uau! Era um guia completo, tinha tudo! O que plantar em cada tipo de solo, em cada tipo de clima e em cada estação; quais os materiais mais adequados para cultivo; como regar, como manter, quais plantas disputavam com quais e quais poderiam ser plantadas no mesmo solo sem que nenhuma saísse prejudicada, enfim, tudo o que um bom jardineiro precisaria saber para construir o seu jardim.

No bilhete, a dedicatória: “Querido amigo, esse livro tem tudo o que você precisa saber para construir o meu jardim. Se você seguir os princípios que estão nele, não importa se as flores serão brancas ou roxas, se as árvores serão esguias ou de folhagem farta: se você seguir esses princípios, eu sei que o resultado me agradará. Bom trabalho!”

E assim, esse jardineiro, com o seu manual em mãos, estudou-o com afinco, entendeu o que era essencial e inegociável, e partiu com sabedoria, liberdade e criatividade para construir o jardim mais bonito que ele já havia feito.

Sabe por que essa história? Filha, porque eu creio que você tem um jardim à sua frente. Você tem uma vida para traçar. Uma vidinha inteira de possibilidades, escolhas e caminhos diferentes.

Essa vida foi dada a você por Deus, o proprietário. E Ele quer uma vida bonita!! Uma que o agrade, pois Ele comprou você por um preço muito alto, lembra que custou o Filho dEle na cruz? Pois é, o investimento foi mesmo muito alto. E isso às vezes pode deixar a gente meio apavorada né, igual o jardineiro?!?! Como fazer isso?? Ele não me disse exatamente como! Como eu vou fazer exatamente o que Ele quer que eu faça? Eu não sei se ele quer que eu toque piano ou violão, se quer que eu seja dentista ou professora quando crescer, se eu devo gostar mais de matemática do que de português, se a minha melhor amiga tem que ser a Fulana ou a Beltrana… como eu faço?

Pois lembre-se sempre que Deus, filha, também deixou um Manual Completo para nós. Ele deixou a Bíblia! Ela é um guia completo: tem tudo! Como escolher suas amizades, como ser uma boa amiga, como ser boa filha, boa cidadã, como cuidar dos animais (pois é!), como tratar os professores, quais coisas eu posso fazer e quais eu preciso evitar fazer, enfim, tudo o que é essencial para que uma pessoa construa e trilhe a sua vida.

Se você seguir os princípios desse Manual, filhota, não importa se você vai gostar mais de tocar piano ou de ajudar as pessoas a encontrarem seus lugares na igreja, se você vai querer ser professora, bombeira, veterinária ou maquiadora (policial já passou a fase!), se você vai ser devoradora de livros como eu ou chegada nos esportes como o papai: se você seguir os princípios desse livro, o resultado final será um lindo jardim para a glória de Deus.

E essa é minha oração por você, Ester. Que você, com o seu manual em mãos, e agora sabendo ler com maestria, estude-o com afinco, entenda cada dia mais o que é essencial e inegociável, e viva com sabedoria, liberdade e criatividade para agradar a Deus! Oro também que Deus me dê essa clareza a cada dia, para que eu não queira que o seu jardim seja uma réplica fiel do meu! Que você seja você, e eu aprenda a admirá-la e admirar a Deus por sua obra na sua vida, todos os dias.

Amo você, jardineira, e quero estar presente e perto de você a cada mudinha que você plantar, cada matinho que tiver que ser arrancado para que esse jardim cresça, floresça, e que eu tenha a alegria de olhar para todo esse processo e dizer: Uau! Esse jardim está ficando a cara do Dono.

Um beijo,

Mamãe

*essa história do jardim é uma adaptação livre e simplificada de uma história contida no livro Step by Step: divine guidance for ordinary christians, de James C. Petty. Na minha modesta opinião, um dos melhores livros sobre “fazer a vontade de Deus”; até onde eu saiba, ainda não traduzido para o português.

Uma cartinha para a Ester em sua primeira formatura

Oi, filha! Que dia mais especial! Há não muito tempo, eu estava publicando aqui no blog uma cartinha para você enquanto ainda estava na minha barriga, e agora, olha só… estamos nos preparando para um grande evento: a sua formatura da educação infantil. Primeira formatura! Achei que a ocasião merecia uma cartinha.

Antes de mais nada, devo dizer que estou me divertindo muito com isso, porque eu não tive uma formatura da então chamada “pré escola”, e não entendo COMO eu não tive isso! Realmente, é um marco que não pode deixar de ser comemorado!

Desde que entrou na escola, seu desenvolvimento e aprendizagem tem sido incríveis. Foi muito gostoso acompanhar cada progresso seu bem de pertinho: sua linguagem deu um salto qualitativo (e quantitativo rsrs) imenso, seus desenhos foram se transformando de forma rápida e intensa, sua pressa em terminar logo as atividades para fazer outra coisa foram, aos poucos, dando lugar a um capricho que dá gosto de ver! Seus desenhos são lindos e muito bem pintadinhos, sempre! Sua escrita também: dá para imaginar que eu já tenho uma filha que escreve o próprio nome, e também de todos os coleguinhas, e tantas outras coisas? Parem o tempo!

Isso sem contar as habilidades motoras: aquela menina, que era tímida no parquinho, agora faz as mais arrojadas macaquices, com muita desenvoltura, e também não tem mais nenhum problema em socializar, conversar com crianças diferentes… suas apresentações de balé ao final de todo ano letivo também mostraram o quanto você se desenvolveu nessa parte.

Ah, filhota, são tantas coisas, tantas conquistas! Outro dia comentei com o seu pai enquanto você brincava distraída na nossa frente: olha para ela… cadê a bebê?? Sumiu completamente! Tenho uma linda menina em casa, um doce equilíbrio entre a sapequice e a delicadeza, uma garotinha esperta, com  uma memória incrível e muito, muito observadora. Como não celebrar tudo isso?

Mas, tem mais! Outra habilidade também já está praticamente sedimentada e, para mim, talvez seja a principal: a leitura. Teté… seu gosto por livros e seu interesse por ler chegam a me emocionar. Toda vez que você pega um livro novo, seja em casa ou na livraria, abre o livro, chega perto, dá aquela cheirada e fala “hmmm… cheiro de livro”… eu quero chorar! Hehehe… que coisa fofa. Vejo um tiquinho de mim em você, e vai ver é isso que me emociona.  Também amo livros, amo ler, e espero mesmo que juntas possamos cultivar essa habilidade.

Sabe, filha, diferente de ser boa em algum esporte, no balé, falar muito bem em público ou tocar algum instrumento, ler é uma habilidade e um privilégio que muitas pessoas não valorizam. “É coisa de nerd”, dizem. Mas eu quero te dizer que acredito que a leitura dá para nós coisas que ninguém pode roubar: conhecimento, criatividade, imaginação, intuição, humildade e tantas outras coisas!

Então, filha, leia!!! Torne-se ágil nisso, rápida, curiosa. Leia mesmo, leia tudo, leia sempre. Não para ser melhor do que os outros, não!!! Nada disso. Leia para crescer, para alimentar a sua cabeça, dar asas à sua criatividade, à sua imaginação! Ler ajuda a entender melhor o mundo, ajuda até a escrever melhor! Leia.

Mas, mais do que tudo: leia a Bíblia. Leia a Palavra de Deus. Como presente da sua primeira formatura,  celebrando a sua entrada na alfabetização, algo tão corriqueiro para alguns, mas que acredite, é um PRIVILÉGIO negado a uma parcela incrível da nossa população,  eu não pude pensar em outra coisa para te dar que não fosse o Livro mais importante e precioso que existe.

Filha, nessa sua formatura, você está ganhando a sua primeira Bíblia. Leia a sua Bíblia! Claro, você já tem outras, de criança, com historinhas ilustradas, adaptadas para crianças pequenas. Mas agora, que você já sabe ler, e vai se aprimorar nisso nos próximos anos, você precisa começar essa jornada de leitura lendo a Bíblia… como ela é. Não é coisa de adulto, como alguns poderiam dizer. A Bíblia é a Palavra de Deus para nós… todos nós, que desejamos conhecer quem Ele é, e o plano maravilhoso que Ele traçou por amor a você, a mim e a todos os que Ele chama de filhos! E é nessa Bíblia que lemos que Jesus nos ensina a sermos como… crianças! Faria sentido a Bíblia ser coisa de adulto???

Então, que ninguém te convença de algo que a Bíblia não diz: a Bíblia é para todos nós, adultos e crianças! Portanto, o meu real desejo é que você faça um bom uso dela para se aperfeiçoar na leitura e que, à medida que isso acontece, ela também te aperfeiçoe! É nela que você vai ler o que já temos te contado, sobre a existência de um Deus que nos ama muito, sobre Jesus, sobre como Ele veio até nós, e sobre como Ele ensinou como devemos viver: em amor, paciência, mansidão, valorizando o que realmente importa… enfim, como ela própria diz, a Bíblia é o nosso manual para a vida!

Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra, e Luz para o meu caminho. Salmo 119:105

Viu? Que você busque nela orientações e direção para a sua vida, lendo e buscando entendê-la cada vez mais.

Parabéns pela sua formatura, minha Teté! Que você brilhe na nova escola como tem feito até aqui, se destacando por ser uma menina alegre, esperta, inteligente e obediente. Que Deus te guarde e te proteja, dando a você amizades que vão caminhar com você tornando a sua infância uma época alegre, sadia e repleta de boas memórias. Dou graças a Deus por ter direcionado a nossa escolha para uma escolinha tão especial durante esses anos. Certamente essa escola, seus funcionários e amiguinhos, morarão nas nossas melhores recordações da sua infância. Que a próxima seja assim também!

Eu já te falei mil vezes, mas não custa repetir: eu JAMAIS saberia pedir a Deus que me desse uma filha como você. Eu não sou tão criativa! Deus caprichou além da conta, trouxe qualidades e fragilidades que se juntam numa pecinha única a quem eu amo demais. Fique firme, leia muito a sua Bíblia, seja curiosa, tenha dúvidas e esclareça cada uma delas comigo e com o papai, estaremos sempre juntos…. e espere só para ver o quanto Deus pode usar você para glória dEle de agora em diante!

Te amo demais, minha formanda! Celebre até não poder mais, a festa é toda sua, mas pode ter certeza, ela é muito minha também… estou me formando com você, e meu coração hoje está explodindo de gratidão a Deus pela misericórdia diária dEle na minha vida como sua mãe!

Um beijo com todo o meu amor,

Mamãe